Número de homicídios cresce no Amazonas em 2017
Amazonas é um dos dez Estados brasileiros que apresentam crescimento no total de homicídios, em comparação com 2016, de acordo com levantamento do jornal O Estado de São Paulo
Foram 506 homicídios de janeiro a maio deste ano, contra 483 no mesmo período do ano passado (Foto: Sandro Pereira)
Manaus – Até maio, o Amazonas registrou um acréscimo de 4,76% no número de casos de homicídios, na comparação com o mesmo período do ano passado, ficando entre os dez Estados onde houve maior crescimento desse tipo de crime no Brasil, segundo levantamento publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo, nesta segunda-feira. O Estado registrou 506 homicídios no período, este ano, contra 483, no ano passado.
Segundo o levantamento, o Brasil já ultrapassou a marca dos 28 mil assassinatos cometidos neste ano. De acordo com dados fornecidos pelas secretarias estaduais de segurança pública, no 1º semestre o País chegou a 28,2 mil homicídios dolosos, lesões corporais seguidas de morte e latrocínios (roubos seguidos de morte). São 155 assassinatos por dia, cerca de seis por hora nos Estados brasileiros, onde as características das mortes se repetem: ligada ao tráfico de drogas e tendo como vítimas jovens negros pobres da periferia executados com armas de fogo. O número é 6,79% maior do que no mesmo período do ano passado e indica que o País pode retornar à casa dos 60 mil casos anuais.
O aumento acontece em um ano marcado pelos massacres em presídios, pelo acirramento de uma briga de duas facções do crime organizado (Primeiro Comando da Capital, Comando Vermelho e Família do Norte), dificuldades de investimento dos Estados na área e um plano federal de apoio que avança menos que o prometido.
Para o secretário Sérgio Fontes, da Secretária de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), o crescimento no número de homicídios nos cinco primeiros meses de 2017 se deu por conta da disputa no tráfico de drogas. “Sem dúvida nenhuma que tem relação direta com a guerra de facções. Principalmente com a briga dentro da própria facção Família do Norte (FDN), entre o João Branco e o Gerson Carnaúba”, disse.
Se as disputas relacionadas ao tráfico de drogas explicam parte da alta, especialistas alertam que é necessário, em outra medida, entender como essa dinâmica funciona. Professor da PUC-Minas e ex-secretário adjunto de Defesa Social do Estado, Luis Flávio Sapori se debruçou sobre inquéritos de homicídios de Belo Horizonte e Maceió. Em estudo divulgado neste mês, chegou a conclusões importantes.
“Os dados empíricos apresentados até o momento confirmam que a principal motivação dos homicídios nas capitais estudadas deriva de conflitos no mercado das drogas ilícitas. Entretanto, os patamares do fenômeno são bastante inferiores ao que é geralmente propagado por autoridades políticas e de segurança pública.”
Ele explica que o tráfico e os traficantes acabam por gerar “difusão da violência”. “Nas relações afetivas, familiares, nas relações de vizinhança e na sociabilidade cotidiana, comerciantes das drogas ilícitas tendem a usar o mesmo padrão violento de resolução de conflitos vivenciado nas relações estritamente econômicas com parceiros, concorrentes, fornecedores e clientes”, diz. “E a posse da arma de fogo é elemento decisivo nesse fenômeno.”
Ele destaca que as conclusões podem ser usadas na análise do País. “Isso explica boa parte do que acontece nas cidades brasileiras, onde o tráfico se consolidou como matriz dos homicídios”.
A antropóloga da Universidade do Estado do Rio (UERJ) Alba Zaluar atribui o aumento da violência ao “fim do investimento nos projetos e nas polícias estaduais comprometidas” com a prevenção. Ela lembra os exemplos do Pacto pela Vida, em Pernambuco e o das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), no Rio. “Os efeitos benéficos começaram a ser revertidos, agora ainda mais evidentes pela ausência de investimento público neles. Em diferentes porcentuais, as taxas de homicídio voltaram ao padrão de 2009, antes da implementação desses projetos”, disse.
Plano Nacional
Questionado sobre a alta de assassinatos, o Ministério da Justiça não comentou. Sobre o Plano Nacional de Segurança, destacou que “os investimentos inicialmente previstos foram revisados e adequados com a realidade financeira da União e perfeitamente absorvidos pelos Estados, que adaptaram as ações propostas de modo a atingir os resultados. Paralelo a isso, ações de capacitação e doação de equipamentos estão sendo realizadas.”
Pelo Plano, inicialmente foram enviados agentes da Força Nacional, equipamentos e R$ 31,94 milhões para as capitais de Rio Grande do Norte, Sergipe e Rio Grande do Sul. No caso do Rio de Janeiro, foram enviados agentes da Força Nacional e das Forças Armadas. A pasta não informou se e quando agentes federais serão enviados aos outros Estados. A previsão é de que todas as capitais tivessem agentes da Força Nacional ainda neste ano.
Via D24am
Foram 506 homicídios de janeiro a maio deste ano, contra 483 no mesmo período do ano passado (Foto: Sandro Pereira)
Manaus – Até maio, o Amazonas registrou um acréscimo de 4,76% no número de casos de homicídios, na comparação com o mesmo período do ano passado, ficando entre os dez Estados onde houve maior crescimento desse tipo de crime no Brasil, segundo levantamento publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo, nesta segunda-feira. O Estado registrou 506 homicídios no período, este ano, contra 483, no ano passado.
Segundo o levantamento, o Brasil já ultrapassou a marca dos 28 mil assassinatos cometidos neste ano. De acordo com dados fornecidos pelas secretarias estaduais de segurança pública, no 1º semestre o País chegou a 28,2 mil homicídios dolosos, lesões corporais seguidas de morte e latrocínios (roubos seguidos de morte). São 155 assassinatos por dia, cerca de seis por hora nos Estados brasileiros, onde as características das mortes se repetem: ligada ao tráfico de drogas e tendo como vítimas jovens negros pobres da periferia executados com armas de fogo. O número é 6,79% maior do que no mesmo período do ano passado e indica que o País pode retornar à casa dos 60 mil casos anuais.
O aumento acontece em um ano marcado pelos massacres em presídios, pelo acirramento de uma briga de duas facções do crime organizado (Primeiro Comando da Capital, Comando Vermelho e Família do Norte), dificuldades de investimento dos Estados na área e um plano federal de apoio que avança menos que o prometido.
Para o secretário Sérgio Fontes, da Secretária de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), o crescimento no número de homicídios nos cinco primeiros meses de 2017 se deu por conta da disputa no tráfico de drogas. “Sem dúvida nenhuma que tem relação direta com a guerra de facções. Principalmente com a briga dentro da própria facção Família do Norte (FDN), entre o João Branco e o Gerson Carnaúba”, disse.
Se as disputas relacionadas ao tráfico de drogas explicam parte da alta, especialistas alertam que é necessário, em outra medida, entender como essa dinâmica funciona. Professor da PUC-Minas e ex-secretário adjunto de Defesa Social do Estado, Luis Flávio Sapori se debruçou sobre inquéritos de homicídios de Belo Horizonte e Maceió. Em estudo divulgado neste mês, chegou a conclusões importantes.
“Os dados empíricos apresentados até o momento confirmam que a principal motivação dos homicídios nas capitais estudadas deriva de conflitos no mercado das drogas ilícitas. Entretanto, os patamares do fenômeno são bastante inferiores ao que é geralmente propagado por autoridades políticas e de segurança pública.”
Ele explica que o tráfico e os traficantes acabam por gerar “difusão da violência”. “Nas relações afetivas, familiares, nas relações de vizinhança e na sociabilidade cotidiana, comerciantes das drogas ilícitas tendem a usar o mesmo padrão violento de resolução de conflitos vivenciado nas relações estritamente econômicas com parceiros, concorrentes, fornecedores e clientes”, diz. “E a posse da arma de fogo é elemento decisivo nesse fenômeno.”
Ele destaca que as conclusões podem ser usadas na análise do País. “Isso explica boa parte do que acontece nas cidades brasileiras, onde o tráfico se consolidou como matriz dos homicídios”.
A antropóloga da Universidade do Estado do Rio (UERJ) Alba Zaluar atribui o aumento da violência ao “fim do investimento nos projetos e nas polícias estaduais comprometidas” com a prevenção. Ela lembra os exemplos do Pacto pela Vida, em Pernambuco e o das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), no Rio. “Os efeitos benéficos começaram a ser revertidos, agora ainda mais evidentes pela ausência de investimento público neles. Em diferentes porcentuais, as taxas de homicídio voltaram ao padrão de 2009, antes da implementação desses projetos”, disse.
Plano Nacional
Questionado sobre a alta de assassinatos, o Ministério da Justiça não comentou. Sobre o Plano Nacional de Segurança, destacou que “os investimentos inicialmente previstos foram revisados e adequados com a realidade financeira da União e perfeitamente absorvidos pelos Estados, que adaptaram as ações propostas de modo a atingir os resultados. Paralelo a isso, ações de capacitação e doação de equipamentos estão sendo realizadas.”
Pelo Plano, inicialmente foram enviados agentes da Força Nacional, equipamentos e R$ 31,94 milhões para as capitais de Rio Grande do Norte, Sergipe e Rio Grande do Sul. No caso do Rio de Janeiro, foram enviados agentes da Força Nacional e das Forças Armadas. A pasta não informou se e quando agentes federais serão enviados aos outros Estados. A previsão é de que todas as capitais tivessem agentes da Força Nacional ainda neste ano.
Via D24am
Comentários
Postar um comentário