Na TV, PSDB abre forte crise interna
Peça publicitária provoca ira da ala governista tucana e agrava racha nas bancadas
CRISE - Aloysio Nunes reage à peça publicitária do PSDB (Jorge Adorno/Reuters)
Que cizânia interna no PSDB não é novidade, sabe-se há mais de uma década. Mas causou enorme barulho no partido a propaganda exibida na TV na noite desta quinta-feira, na qual o locutor repisa que “o PSDB errou“, numa linha autocrítica.
Na peça que foi levada à TV, os tucanos defendem o parlamentarismo e atacam o que classificam como “presidencialismo de cooptação”. Porém, a propaganda é cheia de recados aos tucanos alinhados ao governo Michel Temer: “ou todo mundo trabalha junto com o mesmo programa, ou todo mundo cai fora junto”. Não para por aí. Outras frases e adjetivos ficaram engasgados, como “fisiologismo”, “velha política”, “acordo de ocasião” e aquela que foi compreendida pelos mineiros como um recado direto ao enrolado Aécio Neves (MG): “Não lamentamos por um ou por outro” — leia-se: ele será rifado sem muito esforço.
A ala governista do partido reclamou. Disse o chanceler Aloysio Nunes em sua conta no Twitter: “O programa partidário do PSDB é a expressão de uma confusão política digna de figurar numa antologia do gênero (…) Tenho 30 anos de vida parlamentar, nunca recebi $ ou pedi vantagens para apoiar agendas em que acredito.
De quem o programa está falando? (…) Como instrumento de luta política – se não for isso, para que serve? – o programa não passa de uma jeremiada que não diz de que lado está (…) Pergunto aos marqueteiros: o apoio do PSDB ao governo Temer, os cargos que ocupamos, foram negociados por baixo do pano, por fisiologismo? (…) Ou apego aos cifrões que aparecem nos olhos dos bonequinhos em que o programa representa “os políticos”? (…) Talvez, então, sejamos os puros entre os impuros! Que se aponte com clareza quem são os impuros, porque eu não visto a carapuça”. E sentencia: “Esse programa não me representa. Não participei de sua concepção e em nenhum momento minha opinião foi demandada”.
Vem crise — das grandes — no ninho tucano. E a conta ficará na mesa do presidente em exercício da sigla, o senador Tasso Jereissati (CE) — que, a muito custo, acabou fechando acordo com o governador e candidato à Presidência Geraldo Alckmin (SP) para despachar Aécio Neves para bem longe de sua plataforma eleitoral.
Nesta sexta-feira, o prefeito de São Paulo, João Doria, tem agenda com Tasso Jereissati no Ceará. Sempre que questionado, Doria diz que não é candidato à Presidência.
O PSDB gosta mesmo é de confusão.
Por Silvio Navarro
Veja
CRISE - Aloysio Nunes reage à peça publicitária do PSDB (Jorge Adorno/Reuters)
Que cizânia interna no PSDB não é novidade, sabe-se há mais de uma década. Mas causou enorme barulho no partido a propaganda exibida na TV na noite desta quinta-feira, na qual o locutor repisa que “o PSDB errou“, numa linha autocrítica.
Na peça que foi levada à TV, os tucanos defendem o parlamentarismo e atacam o que classificam como “presidencialismo de cooptação”. Porém, a propaganda é cheia de recados aos tucanos alinhados ao governo Michel Temer: “ou todo mundo trabalha junto com o mesmo programa, ou todo mundo cai fora junto”. Não para por aí. Outras frases e adjetivos ficaram engasgados, como “fisiologismo”, “velha política”, “acordo de ocasião” e aquela que foi compreendida pelos mineiros como um recado direto ao enrolado Aécio Neves (MG): “Não lamentamos por um ou por outro” — leia-se: ele será rifado sem muito esforço.
A ala governista do partido reclamou. Disse o chanceler Aloysio Nunes em sua conta no Twitter: “O programa partidário do PSDB é a expressão de uma confusão política digna de figurar numa antologia do gênero (…) Tenho 30 anos de vida parlamentar, nunca recebi $ ou pedi vantagens para apoiar agendas em que acredito.
De quem o programa está falando? (…) Como instrumento de luta política – se não for isso, para que serve? – o programa não passa de uma jeremiada que não diz de que lado está (…) Pergunto aos marqueteiros: o apoio do PSDB ao governo Temer, os cargos que ocupamos, foram negociados por baixo do pano, por fisiologismo? (…) Ou apego aos cifrões que aparecem nos olhos dos bonequinhos em que o programa representa “os políticos”? (…) Talvez, então, sejamos os puros entre os impuros! Que se aponte com clareza quem são os impuros, porque eu não visto a carapuça”. E sentencia: “Esse programa não me representa. Não participei de sua concepção e em nenhum momento minha opinião foi demandada”.
Vem crise — das grandes — no ninho tucano. E a conta ficará na mesa do presidente em exercício da sigla, o senador Tasso Jereissati (CE) — que, a muito custo, acabou fechando acordo com o governador e candidato à Presidência Geraldo Alckmin (SP) para despachar Aécio Neves para bem longe de sua plataforma eleitoral.
Nesta sexta-feira, o prefeito de São Paulo, João Doria, tem agenda com Tasso Jereissati no Ceará. Sempre que questionado, Doria diz que não é candidato à Presidência.
O PSDB gosta mesmo é de confusão.
Por Silvio Navarro
Veja
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