O som do bar, da igreja ou da casa do vizinho te incomoda? Saiba o que fazer


Além da poluição sonora, pedestres são impedidos ainda de fazerem o uso de calçadas e vias – Fotos: Michael Dantas

Bares, residências, lojas, empresas e até igrejas já devem ter te incomodado com o barulho do som durante festas ou cultos.
É bem desagradável quando o seu vizinho obriga você e todo o bairro a ouvir aquelas músicas que ninguém gosta e, ainda por cima, no último volume.

 Você já pediu com jeitinho e, até, chamou a atenção dele para que diminuísse a potência do som. Você justificou que havia passado das 22h, mas não teve jeito

. O que poucos sabem é que em Manaus existe a Lei municipal 605/2001, que fiscaliza a poluição sonora, caracterizada por qualquer ruído que possa ser prejudicial a saúde física e mental da população.
Ela extingue a expressão “Já passou das 22h, não pode mais fazer barulho”. Agora, em qualquer horário do dia pode haver o crime de poluição sonora.

De janeiro a junho deste ano, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas) contabilizou 2.095 mil denúncias de poluição sonora na capital.

 Esse valor é bem acima da média registrada em 2016, quando, no mesmo período, o órgão havia recebido 1.488 denúncias.

No balanço anual, o órgão registrou 2.914 casos – sendo que 1.719 mil geraram autos de multa, apreensão, notificação e interdição. Os alvos foram bares, residências, igrejas, casas de shows, oficinas mecânicas, entre outros.

Quando identificada a infração, o causador do barulho pode ser autuado com multa mínima de 51 Unidades Fiscais do Município (UFMs). As multas são altas e podem variar de acordo com a situação de reincidência do denunciado. As penalidades podem ir de notificação de advertência a multa, apreensão de equipamentos, interdição temporária, cassação de alvará ou licença. O valor das multas pode variar 51 UFMs a 250 UFMs, o equivalente a R$ 5.091,84 até R$ 24.960,00.

A reportagem visitou alguns locais em Manaus que são, ou já foram, alvos de denúncias de poluição sonora. Próximo a esses ambientes, cidadãos reclamam sobre o volume do som e acreditam que o ato é desrespeito com a comunidade. Além disso, eles apontam outros problemas, como: a interdição de calçadas e ruas com mesas e cadeiras. Há denúncias ainda sobre o comércio livre de entorpecentes, prostituição de menores e atentado ao pudor.

Confirma os valores máximos de decibéis permitidos em ambientes externos:

.Áreas de fazenda e sítio – 40 dB (diurno) e 35 dB (noturno);
.Área estritamente residencial urbana ou de hospitais ou escolas – 50 dB (diurno) e 45 dB (noturno);
.Área mista, predominantemente residencial – 55 dB (diurno) e 50 dB (noturno);
.Área mista, com vocação comercial e administrativa – 60 dB (diurno) e 55 dB (noturno);
.Área mista, com vocação recreacional – 65 dB (diurno) e 55 db (noturno);
.Área predominantemente industrial – 70 dB (diurno) e 60 dB (noturno).

Pontos denunciados em Manaus

Denunciados várias vezes, cerca de 10 bares ainda continuam em funcionamento na Rua São Pedro, bairro Coroado, Zona Leste e perturbam os vizinhos. E lá foi o nosso primeiro ponto de parada. Os estabelecimentos funcionam, praticamente, um ao lado do outro.

 A artesã e dona de casa Rosi Silva, que mora há mais de 30 anos em uma casa situada nas proximidades, já denunciou o caso às autoridades, porém isso não foi suficiente para acabar de vez com o barulho.

“Eu moro com três irmãos e vivemos da produção de artesanato. Quando compramos essa casa, não sabíamos do problema. O som insuportável dos bares aqui é de terça a domingo. Graças a Deus, na segunda eles não funcionam. Esse é o único dia em que a gente tem paz.

Já foram feitas inúmeras denúncias, não só minha, mas de vários vizinhos. Às vezes, a equipe de fiscalização aparece, recolhe algumas caixas de som, ordena que mesas e cadeiras sejam guardadas e o estabelecimento fechado. Entretanto, no outro dia volta tudo ao que era antes”, apontou Rosi.

Ainda segundo a artesã, os moradores sofrem também com o comportamento dos frequentadores, que não respeitam. “Eles param os carros na frente das garagens das casas, bloqueiam o acesso dos moradores. Homens e mulheres urinam na nossa porta. É uma sacanagem. Sem contar que o comércio de drogas é descarado, só não ver quem não quer, porque os usuários fazem questão de exibir as drogas para quem quiser ver”, detalhou.

Interditar rua para badalar pode?

Na mesma região, a poucos metros da casa de Rosi, uma estudante de direito, que prefere não ter o nome divulgado, denunciou a interdição da via para o funcionamento de bares.

“A festa começa meia-noite e dá tanta gente que, além de ocuparem todo o espaço das calçadas, ainda interditam a via com mesas e cadeiras. As pessoas lotam o ambiente e ficam bebendo e dançando. Quando a gente quer sair para ir de carro ou pegar um ônibus, para ir a outro local, ficamos impedidos. É como se fôssemos reféns. É tanta gente que não dá pra passar nem de carro, quanto mais a pé”, denunciou a estudante.

EM Tempo


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Com exaltação do imaginário caboclo, Caprichoso vence 52º Festival Folclórico de Parintins, no AM

MEC recolhe livro didático com conto que aborda incesto, tortura e morte

'A perseguição nunca acabou', diz autor de livro sobre caçada nazista a gays