Ação leva catadores de lixo a discutirem sobre exploração do trabalho infantil no aterro
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Ações Estratégicas do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Aepeti) orientou os presentes sobre como proceder quando há casos de trabalho precoce (Foto: Fábio Cadete/G1)
A ação do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil foi realizada na manhã desta quinta-feira (27) dentro do Aterro Sanitário de Santarém, oeste do Pará. Cerca de 25 famílias catadoras de lixo receberam orientações e serviços que combatem a exploração do trabalho precoce e a violação dos direitos das crianças.
Casos de doenças resultantes de acidentes com catadores e seringas usadas, forte odor no local, carga horária de trabalho intensa, faça sol ou chuva, tornam-se pequenos comparados com outros problemas sociais que os catadores de lixo enfrentam.
A coordenadora de Ações Estratégicas do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Aepeti), psicóloga Karise Pedroso explica que o objetivo da ação é levar informação e orientação sobre as crianças que não podem estar naquele local.
“Caso haja um flagrante, o procedimento é acionar o Conselho Tutelar, que faz a notificação para a família da criança, os encaminha para o Cras/Creas e realiza a investigação do porquê do descumprimento da lei”, explicou a psicóloga.
A ideia de que a criança precisam trabalhar para ajudar a família nas despesas era forte em algumas pessoas presentes na ação. Com os olhos atentos a todas as informações repassadas pela equipe intersetorial, a catadora Keliane Sarmento, de 24 anos, conta que apesar de já ter o conhecimento do assunto, às vezes é a falta de opção que leva ao desvio.
“Eu deixei de ir para escola porque não tinha dinheiro para deslocamento, pois a escola era na cidade. Tenho uma filha de 8 anos e um filho de 10 anos, e não tenho com quem deixar em casa. É necessário trazê-los”, explicou a catadora.
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Catadores de lixo de Santarém realizaram cadastro e recadastro de benefícios do governo (Foto: Fábio Cadete/G1)
Para combater situações como a de Keilane, o Aepeti está presente nas feiras, nos lava-jatos, nas embarcações e em lugares que há denúncias de exploração de trabalho infantil.
No caso do aterro sanitário, assuntos como consumo do álcool, bolsa família e outros benefícios do governo também foram discutidos, inclusive, os direitos e os deveres do cidadão para ser um beneficiado. “Para ter o bolsa família, o menor de idade precisa estar na escola. Se ele passa o dia no aterro trabalhando, qual o momento de estudo? A gente supõe que ele não frequenta a escola”, disse a psicóloga.
O presidente da Cooperativa de Catadores de Lixo, Jorge Santana avaliou positivamente a ação e espera que a equipe esteja sempre presente.
Mas destacou outra problemática que atinge toda classe: a desvalorização. “A nossa pressa é em acabar nosso galpão e colocar a máquina de prensa. Estamos vendendo o material reciclado por R$ 0,40. Com ele prensado passa a custar R$ 2,50.
Assim, as famílias terão mais renda para investir na educação dos filhos”, comentou o presidente.
A ação faz parte de uma agenda anual das Ações Estratégicas do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Aepeti), em parceria com a Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social (Semtras),
Centro de Referência de Assistência Social do Urumari e Centro de Atendimento Social (CAS/Caec). Além de palestras, a manhã também foi momento para o cadastramento e o recadastramento do Cadastro Único Federal, por uma equipe especializada.
O aterro sanitário está localizado na comunidade Perema, às margens da rodovia estadual Santarém Curuá-Una (PA-370), na altura do quilômetro 15.
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Catadores de lixo de Santarém realizaram cadastro e recadastro de benefícios do governo (Foto: Fábio Cadete/G1)
Por Fábio Cadete, G1 Santarém
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