Autoridades buscam solução emergencial para venezuelanos refugiados em Santarém

Segundo o governo, 30 indígenas estão refugiados na cidade. A ideia é criar uma rede de acolhimento provisório até eles obterem instabilidade.

Representantes de órgãos públicos, do governo, instituições religiosas e movimentos sociais (Foto: Adonias Silva/G1)
Representantes de órgãos públicos, do governo, instituições religiosas e movimentos sociais (Foto: Adonias Silva/G1)

Representantes de órgãos públicos, do governo, instituições religiosas e movimentos sociais se reuniram na tarde desta segunda-feira (2) para traçar um diagnóstico para o atendimento ao grupo de 30 indígenas venezuelanos refugiados em Santarém, no oeste do Pará. A ideia é criar uma rede de acolhimento provisório de saúde, assistência jurídico-social e psicológica e referência sobre serviços públicos.

A assistência médica, moradia e alimentação aos refugiados também foram discutidos durante o encontro, que ocorreu na sala de reunião do Centro de Informação e Educação Ambiental (Ciam). A principal proposta das autoridades é decidir o futuro dos venezuelanos.

 Segundo o governo, eles pedem trabalho, comida e local para morar até obterem instabilidade. Os indígenas afirmam que querem ficar na cidade de forma permanente.

Outro ponto abordado no encontro foi sobre a assistência educacional aos indígenas. Uma das dificuldades é com relação ao idioma. Os refugiados, em sua maioria, pertencem a etnia Warao, falam espanhol e quase não dominam a língua portuguesa.

Dos 30 refugiados, pelo menos 8 são crianças, incluindo as de colo. Para as autoridades, é necessário firmar um esforço coletivo para a melhoria da recepção e atenção aos venezuelanos.

Os indígenas estão alojados em uma igreja evangélica. Na terça-feira (2), eles deverão ser levados para um alojamento no bairro Jardim Santarém, onde devem ficar por cerca de um mês. É o Centro de Formação Franciscana, ligado a Diocese de Santarém. No local, eles vão receber assistência médica e alimentação

Os venezuelanos foram atendidos pelo Conselho Tutelar no dia em que chegaram (Foto: Adonias Silva/G1)
Os venezuelanos foram atendidos pelo Conselho Tutelar no dia em que chegaram (Foto: Adonias Silva/G1)

Assistência

Os indígenas venezuelanos chegaram em Santarém na madrugada do dia 28 de setembro e ficaram na praça da Bandeira, perto da igreja Matriz. Eles foram atendidos pelo Conselho Tutelar, que deram encaminhamento aos órgãos ligados aos indígenas da cidade. Depois os indígenas foram levados de ônibus até Centro POP, espaço que acolhe moradores em situação de rua, onde receberam alimentação, tomaram banho e lavaram as roupas.

Depois, o grupo recebeu hospedagem em uma igreja evangélica de Santarém, além de atendimentos médicos de profissionais da Secretaria Municipal de Saúde, por meio do projeto “Consultório na Rua”. Eles passaram por avalição individual. Foi verificado o peso das crianças, a situação vacinal e pressão arterial dos adultos e a parte odontológica. A proposta é aumentar a oferta dos serviços de saúde pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Doações

A chegada dos venezuelanos em Santarém tem mobilizado muitas pessoas. Organizações sociais, instituições religiosas, universidades e profissionais estão sensíveis a causa.

 A Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), campus Amazônia, está com uma ação de arrecadação de alimentos, roupas e materiais de higiene, em especial fraldas para crianças. As autoridades estão se mobilizando para arrecadar sextas básicas, colchões, lençóis.

Pedidos de refúgio

O agravamento da crise econômica, a repressão e o aumento da violência na Venezuela tem feito com que um número cada vez maior de pessoas deixe o país. O Panamá, o Equador e o Chile têm sido principal destino, mas o Brasil também está entre os países procurados.

 O número de pedidos de refúgios deste ano é mais do que o dobro do que o registrado no ano passado, segundo dados do Ministério da Justiça.

De acordo com o levantamento, de janeiro até a primeira semana de maio deste ano foram registradas 8.231 solicitações. Somente entre o final de março e o início de maio de 2017 foram 5.436. Durante todo o ano de 2016 foram 3.375 pedidos.

No dia 31 de março começou uma nova onda de protestos contra o presidente Nicolás Maduro, e incidentes violentos como confrontos entre manifestantes e forças de segurança, tiroteios e saques se intensificaram. De acordo com o Ministério Público venezuelano, 35 pessoas morreram e mais de 700 ficaram feridas nesse período.

O refúgio é um direito de estrangeiros garantido por uma convenção da ONU. Segundo o ministério, o refúgio pode ser solicitado por "qualquer estrangeiro que possua fundado temor de perseguição por motivos de raça, religião, opinião pública, nacionalidade ou por pertencer a grupo social específico e também por aqueles que tenham sido obrigados a deixar seu país de origem devido a uma grave e generalizada violação de direitos humanos”.

Via G1 Santarém

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