Traficantes intimidam moradores com ‘toque de recolher’ em bairros da Zona Leste de Manaus



Rua Nestor Paes é dominada pelo tráfico de drogas e onde os bandidos aterrorizam com tiroteios e ameaças – Arquivo EM TEMPO
Moradores do Zumbi I e II, na Zona Leste de Manaus, relatam que bandidos estariam instituindo “toque de recolher” em ruas da comunidade após um “racha” na liderança do tráfico de drogas da área. De acordo com uma industriária de 29 anos, que não quis ter o nome divulgado, no início deste mês, na rua Nestor Paes, homens portando armas e vestindo coletes pediram para as pessoas – que estavam em frente de suas casas – se escondessem, pois, eles iniciariam um tiroteio. De fato, o caso ocorreu minutos após o aviso.

“Eu estava aqui na frente de casa, quando apareceu dois homens lá do final da rua, próximo de um rip rap, com armas longas e coletes. Eles ordenaram que todos nós entrássemos para dentro de casa, pois, iria começar o tiroteio. Minutos após o aviso, nós ouvimos vários disparos rumo ao final da rua,” relatou a industriária.

Medo

Ainda de acordo com a moradora, no final da rua Nestor Paes existe um beco onde os moradores têm acesso as ruas Mauricio Lopes e Marcelo Santos. Neste local existe um ponto de vendas de drogas onde os bandidos se abrigam à noite e realizam a venda dos entorpecentes. A industriária lembra que na noite da última sexta-feira (23), ouviu vários tiros em uma das ruas do bairro e presenciou mais de dez motocicletas em fuga.

Uma estudante de 29 anos, que mora na rua Joana D’Arc, bairro Zumbi, relatou para nossa equipe com EXCLUSIVIDADE que o tiroteio tem relação com o “racha” que ocorreu na facção – que domina as bocas de fumo do bairro. O rapaz que morreu ao ser alvejado com os disparos era envolvido com o tráfico na comunidade.

“Esse rapaz que morreu era da facção sim, era envolvido com o Gerson Carnaúba (um dos líderes da Família do Norte e que está preso em um presídio federal). Ele era responsável pela boca daqui da rua. Inclusive, a família dele se mudou com medo de represálias”, afirmou a estudante.

Briga entre Carnaúba e João Branco

De acordo com fontes do EM TEMPO, Gerson Carnaúba teria tido um desentendimento com outro líder da FDN, o João Pinto Carioca, conhecido como “João Branco”, que está de julgamento marcado para esta sexta-feira (30) por envolvimento na morte do delegado Oscar Cardoso.

João Branco” teria recebido dois tapas de Carnaúba dentro do presídio federal de Catanduvas (PR), onde cumprem penas. O motivo da briga é desconhecido. A reação do até então parceiro de facção foi vista como uma traição e “João Branco” teria mandado executar traficantes ligados ao agora inimigo.

Segunda uma fonte policial, que atua nos bairros Armando Mendes e Zumbi, além dessa briga entre os líderes da FDN, outra divisão ocorreu entre traficantes que comandam a Zona Leste.  Os homens conhecidos apenas como “Alex Campos” e “Luan” estariam brigando para saber quem mantém o domínio sob pontos de vendas drogas.

Decretada morte de “Zé Roberto”

A fonte também revela que o traficante Ronaldo Maricaua e o narcotraficante José Fernandes Barbosa, o “Zé Roberto da Compensa”, também tiveram atritos. Maricaua é o principal suspeito de planejar a morte do fundador da FDN. Por conta disso, o “traidor” – como é chamado pelos integrantes – foi expulso da “família”.

“Alex” é um dos aliados de Maricaua e  Luan é apadrinhado do “Zé Roberto”, por isso estariam disputando de boca em boca de fumo dos dois bairros.

Polícia Civil

O delegado-geral da Polícia Civil do Amazonas, Frederico Mendes, explicou à reportagem do EM TEMPO, que as facções estão sem liderança e a cada dia aparecem mais pessoas envolvidas com o tráfico que tentam liderar os negócios ilícitos do comércio de drogas. Os integrantes estão aguardando a ordem do presídio federal com a definição de quem vai comandar as atividades da facção criminosa do lado de fora da cadeia.

“Esses bandidos da Zona Leste foram expulsos da Zona Sul, onde eles atuavam em uma área comandada pelo traficante conhecido como “Rony”. Lá eles tentaram tomar o comando de outro traficante, por isso que estava ocorrendo aquela guerra entre eles. Alguns migraram para outra área da cidade” afirmou o delegado.

Armamento pesado

Na última sexta-feira (23), bandidos usaram armas de grosso calibre, como fuzil e escopetas, para metralhar uma casa no Zumbi. Segundo Frederico, é de conhecimento da polícia que os bandidos estão usando armas “pesadas” para atuar em Manaus.

“Realmente o narcotráfico está se utilizando de armas usadas pelas Forças Armadas, como fuzil, escopeta, pistolas 9 milímetros, entre outros. Essas armas estão vindo da fronteira, elas vem acompanhando a escolta de drogas de traficantes que tentam entram no Estado. Esse caso do Zumbi foi uma forma de intimidar os moradores” relatou o Frederico.

O delegado ressalta que os trabalhos nos bairros Zumbi e Armando Mendes já estão bastante avançados e não será permitido que bandidos instituam “toque de recolher” em qualquer lugar do Amazonas. Os moradores devem denunciar esses tipos de situação através do número 181.

Em Tempo



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