Por que você deve tirar, agora, os seus filhos pequenos do Facebook e do WhatsApp.

Caso em Mato Grosso envolvendo menina de 9 anos e agressor sexual no WhatsApp é mais comum do que se imagina. É impossível ter controle total do que eles acessam.



Crianças e jovens nas redes sociais. Nos Estados Unidos, 82% não sabem diferenciar uma notícia de jornal de uma propaganda no Facebook (Foto:  (Letícia Moreira/EPOCA))




A geração atual de mães e pais de crianças e pré-adolescentes cresceu ouvindo de seus responsáveis a frase: "Jamais converse com estranhos na rua". O objetivo era evitar que eles caíssem nas mãos de abusadores e pedófilos. Esses criminosos e doentes continuam existindo e encontraram nas redes sociais ferramentas eficientes para aliciar menores. O exemplo mais recente a se tornar público ocorreu nesta semana na região metropolitana de Cuiabá, em Mato Grosso. Mensagens de assédio encaminhadas por um homem de 47 anos a uma menina de 9 foram descobertas pelo pai dela. Ele avisou a polícia e compareceu, com os policiais, a um encontro que o suspeito havia marcado com a menor na última terça-feira (23). No celular do suspeito, foram encontradas trocas de mensagens similares com cerca de 20 crianças. O delegado responsável pelo caso desconfia que em ao menos um dos casos houve o estupro de fato.

>> Rede social não é lugar para criança

A comunicação do homem de 47 anos com a menina de 9 começou pelo Facebook. Ele pediu o telefone dela e a conversa então migrou para o WhatsApp. Por sorte, o pai interceptou antes de o pior ocorrer. Mas minha experiência acompanhando o uso de redes sociais por crianças ao longo dos últimos anos mostra que, em diversos casos, os pais só descobrem depois que o estrago já ocorreu. Quando não é a violência física, essas crianças são submetidas a sessões virtuais de violência psicológica, com consequências que muitas vezes se alongam por toda a vida.

Antes de entrar na discussão de sempre do “ah, mas eu controlo o que meu filho ou filha acessa”, queria reforçar quais são as idades mínimas que constam nos próprios termos de uso das redes sociais. Está nas regras do Facebook: “Você não deve usar o Facebook se for menor de 13 anos”. O mesmo vale para Instagram, Pinterest, Snapchat e Twitter. No YouTube, crianças podem assistir, mas apenas adolescentes a partir de 13 anos podem criar um canal em seu nome. Antes disso, eles precisam estar registrados no nome dos pais. O WhatsApp define limite maior: 16 anos. Muita gente se surpreende com isso. O WhatsApp, segundo a própria empresa, só pode começar a ser usado por adolescentes já próximos à vida adulta. E sobram casos de professores que pedem a alunos de 9, 10 anos que entrem para o grupo do WhatsApp da sala. 

>> Por que uma mãe deletou o Facebook da filha de 10 anos

Se mesmo essas empresas, que ganham dinheiro com o aumento no número de usuários, não querem que crianças e pré-adolescentes criem contas ali, por que você, que é pai ou mãe, acha prudente permitir que eles as usem? Há pouco mais de um ano, publicamos a reportagem Rede social não é lugar para criança nas páginas da revista ÉPOCA. Uma pesquisa mostrava que 65% dos pais de crianças entre 7 e 12 anos disseram não impor regras ou tempo determinado para acessar a internet e o smartphone. Nessa mesma reportagem, trouxemos alguns exemplos (similares ou mesmo piores que o da menina de Mato Grosso) para tentar mostrar que mesmo famílias bem estruturadas, com filhos bem informados e educados, também correm risco. Uma tática comum dos criminosos no Facebook é descobrir o nome dos pais do menor e as informações de local onde eles trabalham, o clube que frequentam etc. Depois, eles exigem que a vítima envie fotos sem roupa, sob ameaça de matar esses responsáveis. Imagine isso sendo dito a uma criança de 8 anos. 

>> Por que você deve tomar (muito) cuidado ao expor seu filho nas redes sociais

Um conjunto de fatores tornou a vida desses criminosos mais "fácil" com o avanço das redes sociais. Alguns existem desde antes de Mark Zuckerberg nascer: a curiosidade de crianças e pré-adolescentes e as técnicas de sedução desses maníacos. Mas a facilidade de acesso a tecnologias tornou tudo mais complexo e perigoso. Por fim, falta de ferramentas em redes sociais para identificar as crianças que estão usando seus serviços.
A realidade é que, no mundo de hoje, dizer apenas “não converse com estranhos” não adianta. O mundo virtual nos aproxima de um monte de pessoas, que falam de lugares distintos e que, muitas vezes, não se apresentam como quem realmente são. Isso pode acontecer no Facebook, no WhatsApp, no YouTube e no game on-line. Na praça, um abusador adulto não pode se passar por um amiguinho da criança inocente, para conquistar sua confiança, antes de começar a agir. Na internet, sim.

Poderia consumir alguns parágrafos aqui dizendo por que ferramentas que ajudam pais a controlar o acesso de seus filhos são úteis, mas somente para aqueles que respeitam as regras impostas pelas próprias redes sociais. Muitos amigos que são mães e pais costumam me dizer: “Você não tem um filho. Quando tiver e ele te encher porque todos os amiguinhos da sala estão usando aquele aplicativo, você vai me entender”. Eu lembro que sempre que dizia algo na linha do “mas mãe, todo mundo da classe tem”, a resposta era a clássica: “Se todo mundo pular da ponte, você pula também?”.

Se você permite que seu filho menor de 13 anos crie uma conta no Facebook, no Instagram ou no Snapchat, se você permite que sua filha menor de 16 anos tenha uma conta no WhatsApp, você não está só dando um mau exemplo de quem quebra regras. Você está colocando a vida dele e a de sua família em risco.
O risco das redes (Foto: Fonte: Officina Sophia/HSR Specialist Researches)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Com exaltação do imaginário caboclo, Caprichoso vence 52º Festival Folclórico de Parintins, no AM

Postos anunciarão preço de combustível válido antes da redução do ICMS

MEC recolhe livro didático com conto que aborda incesto, tortura e morte