Pará teve 1.400 mortes no trânsito em 2016.

Escolhido para ações de combate aos altos índices de feridos e mortos no trânsito no País, este mês está sendo chamado de Maio Amarelo por uma iniciativa coordenada entre o poder público e a sociedade civil, no intuito de mobilizar empresas, associações e a população contra esse problema que mata milhares no Brasil anualmente.

Só no Estado do Pará, segundo os dados do Departamento de Trânsito do Estado (Detran), houve 27.401 acidentes de trânsito em 2016. Neles, quase 18 mil pessoas foram feridas e mais de 1.400 morreram. Em Belém o número de mortos foi 94, o de feridos mais de 3.600 e de acidentes ultrapassou os 8.400 nesse mesmo ano.

A situação é grave e, para o presidente do Sindicato dos Centros de Formação de Condutores do Pará (SINCFC-PA), Edi Martins, o principal fator é a marginalização do trânsito e a falta de educação dos condutores. Ele afirma que a sinalização de trânsito no Estado deixa a desejar e contribui bastante para esse quadro.

INFRATORES

Edi não acredita também que os principais infratores sejam os recém-habilitados, mas sim os motoristas de longa data e, até mesmo, aqueles que dirigem sem licença. “Os motoristas que já possuem habilitação há muitos anos caem no erro do excesso de confiança e se tornam mais displicentes”, explica o presidente. Ele afirma que não é questão de imperícia, pois eles sabem conduzir a máquina, mas de imprudência, por acharem que podem fazer manobras arriscadas sem correr perigo.
Outro ponto levantado por Edi é o papel das próprias autoescolas na formação desse motorista. “Muitas não cumprem as resoluções, principalmente porque os órgãos auditores responsáveis não fazem seu papel”, critica. Um exemplo dado pelo sindicalista é a carga horária do treinamento, enquanto que a legislação exige 25h/aula para adquirir a habilitação, há escolas oferecendo de 1h a 15h/aula no mercado.
O presidente critica ainda a atuação dos departamentos de trânsito que, ele afirma, estariam mais preocupados com gerar multas que com o bem-estar do condutor. “Punição não é o caminho. A educação, sim”, argumenta.
MOTORISTAS

Quando perguntados sobre a atual situação do trânsito na capital, os motoristas belenenses também têm suas reclamações. O empresário João Martins, 43, diz que falta preparo nos motoristas da cidade. “Tem muito desrespeito. Os órgãos não fiscalizam e as escolas dão habilitação para qualquer um que tenha dinheiro”, comenta. Dentre as principais infrações que presencia no dia a dia, ele cita o avanço de sinal fechado, a condução em contramão e ultrapassagens indevidas.

Já o motociclista Waldeci Garcia, 48, acha que o motorista belenense tem pouca experiência. “Tem muita gente se habilitando sem conhecer o trânsito, rola muita imprudência”, conta. Para evitar acidentes, o mecânico afirma redobrar sua atenção e tentar manter sua velocidade estável.

CARTEIRA DE HABILITAÇÃO GANHA QR CODE

Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), do Ministério das Cidades, apresentou ontem (9), o funcionamento da nova tecnologia de QR Code na Carteira Nacional de Habilitação (CNH), que visa aumentar a segurança contra fraudes e cópias ilícitas do documento. A iniciativa está valendo desde o dia 1º de maio e já têm mais de 300 mil CNHs, com o novo modelo, em todo país.

A tecnologia permitirá que os dados dos motoristas brasileiros sejam acessados pela leitura do QR Code, que dará acesso ao banco de dados do Denatran, onde estará uma versão digital da CNH, com dados biográficos e foto do titular do documento.

Por motivos de agenda, o ministro Bruno Araújo foi representado pelo secretário executivo Marco Aurélio Queiroz, que elogiou a iniciativa de tornar o documento mais seguro. “O Denatran, como entidade vinculada ao Ministério das Cidades, vem buscando assuntos e temas que são importantes para a população. E agora encontrou elementos que facilitam e tornam os processos mais seguros e mais aderentesa uma realidade de tecnologia que a nossa sociedade hoje tanto deseja”, destacou.

(Arthur Medeiros/Diário do Pará)

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