Paraense se torna taxista para sustentar filhas gêmeas.

Aos 63 anos, Lúcia Lacorte diz que é umas das motoristas mais antigas ainda em atividade em Belém. Carinho e incentivo das filhas são combustíveis para lidar com o estresse no trânsito.



Com a morte do marido, Lúcia Lacorte decidiu deixar a sala de aula, onde atuava como professora, para se tornar taxista nas ruas de Belém. (Foto: Alexandre Nascimento/G1)
Com a morte do marido, Lúcia Lacorte decidiu deixar a sala de aula, onde atuava como professora, para se tornar taxista nas ruas de Belém. (Foto: Alexandre Nascimento/G1)




Essa aqui é a nossa mãezinha, que me protege", revela a paraense Lúcia Lacorte, de 63 anos, enquanto aponta para a companheira inseparável: uma pequena imagem de Nossa Senhora de Nazaré pendurada no espelho retrovisor do táxi que dirige há 26 anos em Belém.
A taxista afirma que é uma das mais antigas ainda em atividade na capital e que encontrou no volante do veículo a oportunidade para superar um momento difícil para ela e as duas filhas gêmeas de 9 anos à época, a morte do marido.
"Meu marido era taxista e, com a perda dele, eu fiquei com o carro. Com duas filhas pequenas, fui à luta. Eu tinha que ir à luta porque tinha que sustentar uma casa, as filhas estudando e estou até hoje", conta Lúcia, que deixou de lado a rotina na escola onde trabalhava como professora da educação infantil para enfrentar novos desafios nas ruas da metrópole.
Apesar de contar com o apoio dos novos companheiros de profissão, ela fala que já enfrentou a desconfiança de outros motoristas e até mesmo de passageiros sobre suas habilidades no trânsito.
"Quando eu entrei tinha só uma taxista em Belém e já teve um motorista que disse uma vez para mim: 'Ei, teu lugar é no fogão'. Sem falar que tem passageiro que quando vê que é uma mulher dirigindo, dispensa a corrida”, confessa.
Mas Lúcia diz que foi o suporte de outra mulher que a ajudou a se manter firme diante das dificuldades que atravessaram sua trajetória.
"Minha mãe, na época, foi meu maior esteio. Eu saía para trabalhar e ela tomava conta das minhas filhas e da casa", entrega, emocionada, reconhecendo a importância do suporte familiar para a carreira e a vida.
"Quilômetros" de histórias
No dia a dia em meio ao trânsito frenético de Belém, a taxista assegura que a rotina, que começa às 6h30 e se encerra apenas no início da noite, é feita de todo o tipo de surpresas que rendem “quilômetros” de histórias acumuladas em mais de duas décadas de volante.

Taxista diz que apoio e carinho das filhas são combustíveis essenciais para que ela se mantenha na profissão. (Foto: Lúcia Lacorte/Arquivo pessoal)"Já vi de tudo nas ruas, digo que só não vi boi voar. Até para caçar pokémon já pegaram meu carro", brinca.

Via G1 Pará

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