Cunha sempre deixou Planalto em alerta.
BRASÍLIA - As ameaças feitas pelo deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) sempre deixaram o Palácio do Planalto em alerta. Pouco antes de ser preso pela Lava Jato, em outubro, o ex-presidente da Câmara havia dito que poderia “derrubar o governo” se contasse o que sabia.
No Planalto, toda vez que eram divulgadas as incômodas perguntas feitas por Cunha a Michel Temer – muitas indeferidas pelo juiz Sérgio Moro –, homens da confiança do presidente ficavam perplexos. Temer é testemunha de defesa de Cunha. Os questionamentos feitos pelo ex-deputado sugeriam cumplicidade entre os dois em negócios escusos.
Chamado de “nosso amigo” nas fileiras do PMDB, Cunha sempre se sentiu abandonado pelo presidente. Dizia que, se não fosse ele, Temer nunca teria chegado ao Planalto. Lembrava com detalhes do dia 2 de dezembro de 2015, quando aceitou o pedido de impeachment da então presidente Dilma Rousseff.
Livro. Cunha anunciou que escreveria um livro, contando bastidores do impeachment. Redigiu cerca de 300 folhas, mas não conseguiu levar adiante o objetivo dentro da cadeia. Aos amigos que o visitam, porém, ele continua dizendo ter a intenção de “contar tudo”, em um livro, “doa a quem doer”.
Diante do novo escândalo, revelado com a delação do dono da JBS, Joesley Batista, o julgamento da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) será retomado, em 6 de junho, em outra perspectiva. No TSE, o comentário sempre foi o de que ninguém ali queria “incendiar o País”, mas, se o governo ficasse insustentável, a cassação da chapa poderia ser uma saída. A oposição diz agora que, por ironia do destino, quem pediu a cassação da chapa foi o PSDB, presidido pelo senador Aécio Neves (MG), atingido pela delação de Joesley.
ESTADÃO
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