G, o novo risco das baladas.

Como é a substância sintética que pode ser diluída em água, causa excitação e tem levado jovens brasileiros à morte.

G, o novo risco das baladas

Ela age rápido, é discreta, provoca forte excitação – e mata. A droga que vem conquistando espaço entre os jovens frequentadores de baladas no Brasil ficou conhecida como “G” (ou “Di”, em referência à pronúncia em letra em inglês) e representa um perigo a mais justamente por suas aparentes vantagens para os usuários. Oferecida pela internet, longe dos tradicionais pontos de venda de maconha e cocaína, a substância sintética é diluída em água com a ajuda de um conta-gotas e levada para o local de consumo dentro de uma insuspeita garrafa plástica. De acordo com o Departamento de Narcóticos de São Paulo (Denarc-SP), a nova droga está bombando em festas e casas noturnas desde o ano passado. De lá para cá, pelo menos dois jovens morreram depois de ingerir “G” com bebidas alcoólicas. Um rapaz de 25 anos teve parada cardiorrespiratória após tomar o entorpecente em uma festa, em Florianópolis. Outro, de 24 anos, morreu em Belo Horizonte.
O massagista Pedro*, 34 anos, diz que ingeriu a droga sem saber em uma festa no bairro da Lapa, em São Paulo. O resultado foi uma noite de pânico. “Eu fiquei eufórico e excitado. Passei a noite com uma pessoa e tive medo de dormir, pois meu coração estava acelerado”, relata. As sensações que ele descreve, de euforia e excitação, costumam ser o que os usuários da droga buscam: passar noite em claro e com o desejo sexual à flor da pele. “Antes de anestesiar, ela aumenta muito a libido”, explica Clarice Madruga psicóloga e pesquisadora da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (UNIAD) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Se a droga for usada em excesso, pode causar uma parada cardiorrespiratória. Essa é uma brincadeira muito perigosa”, alerta.
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Convulsões e delírio

O nome “G” vem de GHB, sigla em inglês para ácido gama-hidroxibutirato. A substância foi desenvolvida para ser usada como agente anestésico. Seus efeitos colaterais – diminuição do nível de consciência, contrações musculares involuntárias, convulsões e delírio – fizeram com que fosse banida pelo FDA, o órgão do governo dos Estados Unidos que regula alimentos e drogas. Antes do uso recreativo iniciado nos últimos tempos, uma variação da mesma droga ficou conhecida como “Boa noite, Cinderela” devido a seu poder sedativo. Capaz de “apagar” vítimas de forma a facilitar crimes como roubo e estupro, a droga passou a ser consumida em dosagens menores por quem quer perder a inibição e elevar a libido. Tanto que é vendida como “ecstasy líquido”, ainda que nada tenha em comum com a droga favorita dos adeptos das “raves”, as festas de música eletrônica em que jovens varam madrugadas.
Além do “G”, drogas como maconha sintética, NBOMe e MDMA (leia ao lado) têm chegando ao Brasil com mais força desde o ano passado, conforme dados do Global Drug Survey e do II Levantamento Nacional de Ácool e Drogas (Lenad). “Elas entram camufladas dentro de outras substâncias e vão se transformando muito rapidamente”, explica Camila Silveira, médica-psicoterapeuta do Programa do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas (GREA) da USP. Como ainda não se sabe qual a dosagem segura dessas substâncias – se é que existe – elas se tornam um perigo ainda maior. O delegado Ruy Ferraz Fontes, do Denarc-SP, afirma que essas são drogas destinadas à elite. Um grama de MDMA, por exemplo, é vendido por cerca de R$ 200. “Elas são negociadas via internet e é muito difícil rastrear”, afirma. Ainda que não tenham sido feitas apreensões, o delegado explica que o Denarc tem atuado em duas frentes para coibir o tráfico: monitorando as mídias eletrônicas em busca de sites de venda e colocando equipes infiltradas nos locais em que pode haver consumo.

Fonte ISTOÉ

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