Estudante vai representar o Brasil em 'G20 para meninas' na China.
Evento vai reunir garotas do mundo todo para discutir questões sobre economia e feminismo. Brasileira apresentou projeto sobre robótica.
Evento vai reunir garotas do mundo todo para discutir questões sobre economia e feminismo. Brasileira apresentou projeto sobre robótica.
Por dez
dias, Ana Carolina e outras 23 “delegadas” de 18 a 23 anos, uma de cada
país do G20 e mais representantes dos sindicatos africanos e do Oriente
Médio, vão discutir questões sobre economia e liderança das mulheres. O
G(irls)20 foi criado em 2011 por uma ONG internacional, para funcionar
nos mesmos moldes do G20, grupo dos países mais desenvolvidos do mundo
que se reúne todos os anos para falar sobre economia.
No fim do evento, será compilado um documento com sugestões e encaminhado ao G20, que também se reúne na China, em setembro.
Ana Carolina foi escolhida depois de passar por um processo seletivo
que envolveu análise de textos, vídeo (veja acima) e entrevista. Um dos
critérios foi o de apresentar um projeto que incentiva o empoderamento
econômico da mulher no país de origem de cada delegada. O trabalho da
brasileira reúne duas paixões: feminismo e robótica.
A estudante
vai criar um site batizado em português de ‘Fazer ciência como uma
menina’ que vai combater o machismo e ensinar robótica ao mesmo tempo e
estará dividido em três partes:
- uma direcionada aos professores para que identifiquem situações de
machismo em sala de aula, saibam lidar com elas e ajudem a fazer com que
deixem de existir.
- outra para alertar “meninas mais velhas” que reproduzem situações de
machismo sem ter consciência, e estimulem as meninas mais novas sendo
suas mentoras na disciplina.
- a terceira parte será mais lúdica com exercícios e atividades do universo da robótica dedicadas os alunos.
A estudante quer divulgar a plataforma nas escolas de periferia para
incentivar que cada vez mais meninas se interessem pelo tema. A
inspiração veio da própria história. Quando era criança, Ana Carolina se
apaixonou pela robótica, mas se incomodava com a falta de meninas
interessadas pelo assunto. “Eu tinha 10 anos quando pedi para minha mãe
me colocar nas aulas de robótica da escola. Adorava aprender sobre os
motores e as funções das peças, mas era problemático porque era a única
menina. Era subjulgada e excluída pelos meninos, que viviam fazendo
piadas, mas, na época, eu não sabia o que era machismo”, diz Ana
Carolina.
Mesmo após ser premiada em competições de robótica, Ana Carolina
resolveu deixar a equipe por conta das questões de gênero. “Só voltei
porque uma professora me procurou e me convenceu a continuar. Aí fui
para competições na África do Sul e no Canadá.”
Sobre a oportunidade de representar o Brasil no G(irls)20, ela disse
que está animada com a possibilidade de conhecer meninas de culturas
diferentes e saber quais problemas enfrentam. “O que sofremos aqui é
diferente das outras partes do mundo e de como lidar com isso.
Representar o Brasil é muita responsabilidade. Estudei com bolsa em
escola particular, mas a maioria das meninas está na periferia, não é
branca, não é rica. Meu trabalho é direcionado a elas.”
Orgulho de ser feminista
Quando estava no 9º ano do ensino fundamental, Ana Carolina desenvolveu um projeto de iniciação científica sobre a prevalência dos sintomas da tensão pré-menstrual e valorização do corpo. O projeto envolveu meninas da periferia que também participaram de uma palestra sobre os motivos de menstruarem cada vez mais cedo e como lidar com a questão hormonal.
Quando estava no 9º ano do ensino fundamental, Ana Carolina desenvolveu um projeto de iniciação científica sobre a prevalência dos sintomas da tensão pré-menstrual e valorização do corpo. O projeto envolveu meninas da periferia que também participaram de uma palestra sobre os motivos de menstruarem cada vez mais cedo e como lidar com a questão hormonal.
O trabalho foi o estopim para que Ana Carolina passasse a estudar e se
interessar mais pelo universo feminino e ser uma entusiasta da causa.
“Me passaram referências de leituras que fui agregando ao meu
repertório. Chegou uma hora que eu falei: acho que sou feminista. Não me
incomodo com o rótulo, ao contrário, tenho muito orgulho. Mas meu sonho
é que não exista mais feminismo e mulheres que sofram opressão. Ser
feminista significa que o você ainda vive em uma sociedade que oprime as
mulheres.”
Graduação em Stanford
A brasileira cursa direito na Universidade de São Paulo (USP), mas em setembro muda de endereço. Ela foi aceita pela Universidade Stanford nos Estados Unidos. Lá pretende mesclar os cursos de ciências da computação e economia, já que a grade permite esta interdisciplinaridade. “No Brasil eu era obrigada a escolher entre ciências humanas e exatas. Desenvolvi um projeto sobre feminino, não me via trabalhando só com engenharia. Mesmo meus projetos de robótica têm cunho social.”
A brasileira cursa direito na Universidade de São Paulo (USP), mas em setembro muda de endereço. Ela foi aceita pela Universidade Stanford nos Estados Unidos. Lá pretende mesclar os cursos de ciências da computação e economia, já que a grade permite esta interdisciplinaridade. “No Brasil eu era obrigada a escolher entre ciências humanas e exatas. Desenvolvi um projeto sobre feminino, não me via trabalhando só com engenharia. Mesmo meus projetos de robótica têm cunho social.”
No futuro, pretende fazer pesquisa científica e lecionar. “Gosto de
ajudar os outros a aprender, penso em seguir carreira acadêmica.”
Fonte G1
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