Bolsonaro questiona patamar de votos de Marina e Lula em pesquisa
BRASÍLIA - Pré-candidato à Presidência da República pelo PSL, o deputado Jair Bolsonaro (RJ) disse nesta segunda-feira, 16, que considera estar bem na pesquisa de intenção de voto divulgada pelo Datafolha e que uma campanha contra ele “não deu certo”.
Ele também questionou o patamar de votos que o instituto detectou para o ex-presidente Lula (PT) e a ex-senadora Marina Silva (Rede), e insinuou que o ex-ministro do Supremo Joaquim Barbosa não teria condição física de ocupar a Presidência e perderá votos quando for confrontado com uma pauta ideológica.
O parlamentar também disse não ser coincidência que ele e seu filho tenham sido formalmente acusados de crimes ao Supremo Tribunal Federal. Jair Bolsonaro foi denunciado por racismo, e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), por ameaça a uma jornalista ao Supremo Tribunal Federal.
“O Datafolha tem um histórico de errar em mais de 50% suas previsões. Um instituto de pesquisa jamais inflaria meus números. Então, eu tenho pelo menos isso que o Datafolha colocou lá. E, tendo em vista que não tenho nenhum governador comigo, nenhum ministro, nem prefeito de capital, acho que estou bem e tem muito tempo pela frente ainda", disse ao Estado.
“O que fazem comigo o tempo todo, (me acusando) de ser racista e xenófobo, não está colando. Falar a verdade sobre como a mulher é tratada no mercado de trabalho não é ser misógino. Não é o que eu quero. Não é coincidência que sou denunciado no mesmo dia com meu filho.”
Conforme levantamento divulgado neste domingo, o primeiro após a prisão do ex-presidente Lula, Bolsonaro aparece com 17% das intenções de voto, empatado tecnicamente com Marina Silva (Rede), entre 15% e 16%, nos cenários sem o petista. Quando Lula é incluído, ele lidera a corrida presidencial com 31% das intenções de votos no melhor cenário. Já o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa, relator do escândalo do mensalão, tem entre 8% e 10%.
Além de criticar o instituto, Bolsonaro questionou o potencial de votos de Lula e Marina. O presidenciável do PSL criticou o ex-presidente petista e argumentou que ele tem votos por recall de propaganda do governo federal.
“Eu acho que ele (Lula) tem algum voto, mas não tudo isso. Uns 20% talvez ele tenha. Obviamente é mais no Nordeste. Muita propaganda feita ao longo de 13 anos, muita mentira.
É uma doutrinação. Você ver uma pessoa que não tem muita cultura falando do Lula você pode até engolir, agora tem muita gente com curso superior elogiando o cara, não sabem que foi um governo que arrebentou com o Brasil?”, afirmou Bolsonaro.
Sobre Marina, Bolsonaro disse que “ninguém fala no nome dela” nas ruas e que ela perdeu apoio no nicho evangélico. Marina frequenta a Assembleia de Deus e tem trânsito no meio religioso. “Não acho (que a Marina tenha esse patamar de votos). Não quero dar pancada em ninguém, só vou dar pancada se o candidato me atacar, mas onde quer que eu ande não se fala o nome dela”, avaliou Bolsonaro.
“O forte da Marina no passado era o público evangélico. Liga para um pastor de certa influência (e pergunta) como é vista a Marina na igreja. Quando ela não soube se posicionar sobre o aborto, ela falou em fazer um plebiscito e se queimou no meio evangélico. E o casamento homoafetivo também.
Você tem que ter posição contra ou a favor, não pode ficar em cima do muro.”
Já sobre Barbosa, Bolsonaro afirma que o ex-ministro do Supremo se beneficia por sua atuação como relator do mensalão, mas questiona a recente filiação ao PSB e a condição física do magistrado, aposentado antecipadamente quando sofria de fortes dores na coluna. Nos últimos anos no tribunal, ele participava de sessões de pé, para evitar pressão na coluna.
“Eu acredito mais no potencial de voto dele (Barbosa) do que na Marina, porque mal ou bem a história dele no mensalão ainda está na cabeça de muita gente. Se não fosse ele, apesar de alguns dizerem que ele deu uma aliviada para o Lula, eu não penso da mesma forma, ele não deixou de botar os figurões na cadeia. A Lava Jato nem tinha começado ainda poderia nascer natimorta”, disse Bolsonaro.
O deputado, porém, tem um arsenal de questões morais para descrever como o virtual adversário poderá perder pontos na corrida eleitoral, apesar de não ter declarado ainda intenção de disputar a Presidência da República.
“
Ele vai ser perguntando se é contra ou a favor do desarmamento. Eu já sei, ele vai dizer que é a favor e vai perder ponto em um montão de lugar. Contra a redução da maioridade penal? Pelo que fiquei sabendo ele é contra. Vai perder também. O aborto ele vai ter que se posicionar... Pergunta para ele uma série de coisas que têm importância, como cota (racial).
Ele chegou aonde chegou por mérito, parabéns para ele, mas ele é favorável à cota. Ele está num partido comunista, o Partido Socialista Brasileiro. Aí começa a ganhar corpo quem é o Joaquim Barbosa, e cada um tira a sua conclusão. Joaquim Barbosa está apanhando porque falou que votou no Lula e na Dilma, foi contra o impeachment.
Ele saiu do Supremo por problema de coluna. Ele resolveu? No Supremo o camarada pode trabalhar três dias, no Parlamento também, mas você como presidente, se descansar domingo apenas, tem que dar graças a Deus. Ele vai ter pique para isso?”
Estadão
Comentários
Postar um comentário