Com 2ª pior média de museus, Pará reclama de falta de recursos .

Levantamento mostra que estado tem um museu para 173 mil pessoas.
Governo critica repasses do Ministério da Cultura e cita prioridades.

 

O estado do Pará tem apenas um museu para cada grupo de 173 mil habitantes, segundo um levantamento feito pelo G1, com dados do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). É a segunda pior média nacional, colocando o Pará à frente apenas do estado do Maranhão no ranking. No país, a média é de uma instituição para 57 mil habitantes.
Segundo o Ibram, o Pará tem 47 museus. A distribuição deles também preocupa, já que a maior parte das cidades não possui locais de armazenamento de acervo e exposição. Dos 144 municípios paraenses, apenas 14 têm espaços culturais. A maior parte deles está em Belém, que tem 27.

Questionado pelo G1, o secretário de Cultura Paulo Chaves disse que a qualidade dos museus é mais importante que a quantidade. "É importante que se diga que não basta apenas ter museus, com um empilhamento de acervos. É preciso ter qualidade museológica, o que os nossos museus possuem”, disse.
“Não saberia dizer se o número de museus existentes aqui, considerando a relação com o número de habitantes, estaria ou não dentro dos parâmetros habituais. No entanto, acredito que quanto maior o número de museus, teatros e galerias de artes, melhor”, afirmou Chaves.
Prioridades e investimentos
De acordo com o secretário de Cultura, o investimento em museus é essencial, mas é preciso considerar as prioridades das cidades em relação aos seus orçamentos. “É preciso levar em conta também as carências prioritárias dos municípios, a total ausência de uma política federal de repasse de verbas”, destaca.

Segundo Chaves, a carência de repasse de verbas para a criação de polos de desenvolvimento turístico e cultural “nas regiões que têm este apelo, mas contam apenas com as migalhas do orçamento do Ministério da Cultura, como a ilha do Marajó, o oeste do Pará e a Região do Salgado”. Outro fator apontado pelo secretário é a geografia do Pará. “Claro que conta a dimensão gigantesca do estado”, disse.
Procurado pelo G1 para comentar a declaração, o Ministério da Cultura informou que os museus do Pará receberam, através de editais do Ibram, de R$ 897 mil, além de outros R$ 650 mil em investimentos através da Lei Rouanet, totalizando pouco mais de R$ 1.5 milhão em recursos.
Compreensão dos espaços
Para a professora Sue Anne Costa, coordenadora do curso de Museologia da Universidade Federal do Pará, não se fazem museus sem um investimento compatível em educação.

“Museus  têm como sua essência o papel não só de salvaguardar o patrimônio de uma sociedade, ou seja, são muito mais do que locais para guardar coisas velhas, museus devem ser espaços de transformação e empoderamento social, ações estas só possíveis em uma sociedade que possui a sua educação e cultura como base real de construção", afirma Sue.
A professora questiona o argumento de que a população não dá importância aos espaços. "Não acredito que os números sejam um reflexo da falta de interesse da população, pois não se pode ser desinteressado ao que se desconhece, porém a falta de investimento é a principal barreira enfrentada pelas instituições para o seu fortalecimento e funcionamento”, diz.
Memória, natureza e arte
De acordo com a Secretaria de Cultura (Secult), os museus do Pará são voltados para a preservação histórica. O Museu do Estado do Pará, por exemplo, fica no Palácio Lauro Sodré – um prédio do século XVIII – e possui no seu acervo telas, mobiliário, fotografias e acessórios de época.
Outros museus do Pará também promovem a preservação da memória, como o Museu da Imagem e do Som, mas a Secult garante que as artes plásticas não são esquecidas nos espaços públicos. “Estes espaços também são voltados para o fomento artístico, como se pode verificar pelo número de exposições. No ano passado, para se ter uma ideia, tivemos um total de 32 exposições, com 1122 artistas envolvidos, tanto da capital quanto do interior do Estado”, afirma o secretário Paulo Chaves.
Sue Anne também aponta a riqueza regional como atrativo dos museus paraenses. “Não há como não destacar neste cenário o papel que o Museu Paraense Emílio Goeldi, vem exercendo, pois além de ser uma das intituições mais antigas do país, de referência nacional e internacional, possui coleções representativas da Amazônia em diversas esferas, fundamentais para o desenvolvimento de pesquisas, que por sua vez geram informações capazes de subsidiar políticas públicas de preservação da biodiversidade e cultura amazônica.”
Criado em 1866, o Museu Paraense Emílio Goeldi é uma instituição de pesquisa  vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Desde a sua fundação, o museu estuda a cultura, natureza e sociedades da Amazônia. Além de ser um centro de referência de pesquisa e biodiversidade, o museu mantém um parque zoobotânico e realiza atividades de inclusão social e desperta a curiosidade de crianças por meio de projetos como o Clube do Pesquisador Mirim.

Fonte: G1/ SANTARÉM


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